Vida universitária
Atílio Alencar
Produtor culturalstyle="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever">
Com a gradual retomada das atividades no campus da UFSM, a cidade vai sentindo, aos poucos, o movimento retornar a um dos seus órgãos mais dinâmicos, como um corpo que recupera, depois de um longo período de dormência, a sensibilidade de um membro. Ver a vida reencontrar o rebuliço no fluxo das gentes pela cidade universitária é um espetáculo que reanima e desperta até certo otimismo, esta sensação que anda tão rara nos dias atuais. E também causa, a nós que no passado já fomos estudantes da federal, alguma nostalgia.
Quando ingressei na universidade, em 2001, cursei quase toda a graduação no prédio do Antigo Hospital Universitário, no centro de Santa Maria. Era um edifício um tanto lúgubre, com uma estrutura que pouco atendia às expectativas de quem chega à faculdade com a vontade de conviver no alvoroço de um campus. Mas tínhamos nossas vantagens em frequentar o prédio que sediava os ensaios da Orquestra Sinfônica de Santa Maria: era comum, sob a luz do entardecer, debruçarmos o ouvido nas janelas para ouvir os violinos executando um tango de Piazzolla. Foi ali também que muitos de nós, que cursávamos História, vivemos nossas primeiras experiências pedagógicas, com o coletivo de educação popular Práxis. Entre aulas e assembleias estudantis, fugíamos às vezes até o barzinho da Cleo e do Valmir, onde aquecíamos o corpo com quantidades industriais de café preto e discutíamos ideias para mudar o mundo. Dali saíamos rumo ao Restaurante Universitário do CCSH, que, à época, contava com a presença gentil da dona Rosa, uma senhorinha amada por dez entre dez dos alunos que almoçavam na estridência do recinto.
Quando ia ao campus, cumprindo a viagem sempre turbulenta de ônibus até Camobi, meu reduto preferido era o Centro de Artes e Letras. Lá, sentia uma vaga saudade antecipada de tudo que fazia parte da minha vida aos vinte e poucos anos, enquanto andava entre esculturas renegadas e esboços de algum modelo reconhecível; como se naquela atmosfera de luz solar caindo em feixes inclinados sobre a poeira e fantasmas ao piano eu encontrasse um museu da minha própria juventude. Fui feliz, e tive consciência disso, quando ocupava religiosamente meu lugar na plateia do Caixa Preta para assistir A Cantora Careca ou Esperando Godot. E, ao voltar para casa, o quarto 75 da Casa do Estudante na Professor Braga reservava novas peripécias, onde os livros, o vinho e a circulação de gente excêntrica formavam o ritual habitual dos nossos dias.
Muitos anos após obter o diploma, voltei à UFSM para cursar o mestrado em História. Reencontrei um campus ainda mais bonito, efervescente, melhor estruturado e acessível a outros protagonismos. Espero, sinceramente, que Santa Maria nunca esqueça o que faz desta cidade um lugar singular no interior do estado.
Dia do Cirurgião Dentista
Paulo Antônio Lauda
Cirurgião-dentista e ex-professor da UFSMstyle="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever">
Hoje comemora-se o dia do Cirurgião Dentista, profissão esta que ganha grande destaque na sociedade moderna devido a relação da mesma com a saúde e longe-vida com mais qualidade. Faço aqui um breve relato histórico em homenagem a classe da qual eu também me incluo. A Odontologia, denominada em seus primórdios como Arte Dentária, nasceu na Pré-História, porém seus registros mais antigos datam de 3500 a.C., na Mesopotâmia. No antigo Egito havia "Hesi-Rá", oficial egípcio do mais alto escalão, que era chefe dos médicos e dentistas do faraó. Foi considerado "o numero 1, o maior dentista". Sua tumba foi ricamente construída e adornada. Naquela época já existia um grande interesse em saber porque o dente se destruía com o passar do tempo. No século XII, surgiram, na Europa, os cirurgiões-barbeiros. Na época esta Medicina era praticada principalmente nos monastérios. O exercício da arte dentária no Brasil apenas foi regularizado em 9 de novembro de 1629.
Quando a família real portuguesa já se instalara no Brasil em 1808, D João VI nomeou o cirurgião-mor do exército José Correia Picanço para controlar o exercício das funções realizadas pelos sangradores, dentistas, parteiras e outros. O Primeiro curso de Odontologia foi criado oficialmente no Brasil através de um decreto do Governo Imperial, assinado por D. Pedro II em 25 de outubro de 1884. Daí a data escolhida para sua comemoração. Mas o período científico da odontologia se iniciou bem antes com o desenvolvimento das escolas especializadas na prática dental, sendo que a primeira escola de odontologia surgida no mundo foi em 1840, nos estados Unidos, na cidade de Baltimore, no Estado de Maryland. Os franceses precederam muitas ações nesta arte antes de 1840. Quando foi criada a primeira faculdade de odontologia no Brasil, a duração do curso era de três anos e estava ligado à faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.
Ao concluir o curso, o aluno recebia o título de cirurgião-dentista. Em 1911, por decreto promulgado pelo então presidente Epitácio Pessoa, o curso de odontologia se separou da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, oferendo curso de três anos. Em 1947, o curso de formação de dentistas passou a ter quatro anos, tendo formado sua primeira turma neste modelo em 1951. Hoje a UFSM tem um curso de Odontologia de 5 anos. A Unifra forma em 4 anos. Não sei o motivo desta diferença em um mesmo pais. Eu me formei em 1982 e acompanhei uma verdadeira transformação desta profissão no meu dia-a-dia.
Tratamentos hoje são feitos através de um fluxo Digital onde exames, planejamentos e execução são realizados com a utilização de recursos digitais. Isto fez com que a Odontologia ganhasse muito mais precisão e tecnologia embutida. Nos dias atuais o dentista tem condições de realizar grandes reabilitações orais em pouquíssimos dias. Hoje a odontologia tem uma previsibilidade de ações muito claras e também promove tratamentos com prognósticos muito promissores. Nesta coluna quero parabenizar todos os colegas que labutam nesta maravilhosa área do conhecimento da saúde humana, dedicando suas vidas para melhorar a qualidade de vida de todos. Grande Abraço a todos! !